sábado, 31 de março de 2018

Tentação


Ela pode chegar de mansinho 
Com pés de algodão 
Imperceptível aos nossos sentidos. 
O pecado jaz à porta 
E cabe a você dominá-lo. 
Esse desejo violento que se abate 
No recôndito da alma 
Não pode dominá-lo. 

Antes de uma respiração pesada 
Ou de um lugar para sentar 
Há uma porta, 
Uma saída, 
Um caminho pelo qual sair. 

Antes de ser tentado colar do amigo ao lado 
Há uma oportunidade de você estudar; 
Antes de se deixar ser levado por aquele olhar sedutor 
Evite olhar para seus olhos; 
Antes de sucumbir aos desejos daquela beldade 
Impeça ficar ocioso no alto da torre; 
Antes de se embebedar com aquele vinho 
Não cultive a vinha... 

As tentações podem ser grandes 
Mas foi porque você andou fora do caminho 
Procurou pelos desvios 
Que o levaram a essas conseqüências. 
Se andarmos longe de Deus 
As tentações serão maiores 
Sem a sua proteção 
Não há possibilidades de vitoria. 

Ele nos alerta o tempo todo 
Suplica que consideremos os nossos caminhos 
As nossas escolhas 
Que confiemos nEle 
Que não saltemos sem os paraquedas 
Da proteção dEle. 

Deve-se aprender a evitar a tentação 
Quando ela é apenas um chuvisco 
Antes que se torne chuva forte 
Que nos atinja por todos os lados 
E assim a vida será muito mais fácil 
A culpa muito mais rara 
E haverá o sentimento de proteção. 
Sempre há uma saída antes da queda 
Sempre há placas de aviso 
Sempre há pedidos de atenção. 

Abra os olhos 
Não dês lugar à ira, 
Não fale mal do seu irmão, 
Não permita que o mal domine o seu coração. 
Ele sempre oferece uma saída 
De novo e sempre de novo, 
Bem antes da queda final. 

Não veio sobre vós tentação, senão humana; 
Mas fiel é Deus, 
Que vos não deixará tentar acima do que podeis; 
Antes, com a tentação dará também o escape, 
Para que a possais suportar. 

Poema: Odair José, o Poeta Cacerense

segunda-feira, 26 de março de 2018

Quando não houver mais sol



Aquele olhar que tanto esperou 
O sorriso que desejava 
E já não pôde ver 
A brisa do amanhecer. 
Havia uma tristeza 
De um tempo que passou 
Uma vida que se foi 
E da solidão não entendia nada. 
A esperança que viu em seus olhos 
Que pensara entregar-lhe o coração 
Já não existe no seu pensamento 
O sonho de amor que desejou. 
Quando não houver mais sol 
É que vais perceber o que perdeu 
O arrependimento de não ter lutado 
Pelo amor que trazia em seu coração. 
Uma lágrima, então, 
Do coração há de brotar 
Que escorrerá pelo rosto 
Já cansado de tanto sofrer. 
Mas, agora é tarde demais 
O sonho já se foi 
E aquele amor tão esperado 
Não pode mais acontecer. 
Quando não houver mais sol 
Saberá que o tempo é cruel 
Com aqueles que vacilam 
E não sabem perceber o amor. 
Agora a solidão aperta 
Sendo-lhe a única companhia 
Nas noites frias de desespero 
Que buscou para si mesmo. 
Por onde ela andará 
E o que leva em seu coração 
Nunca poderá saber ao certo 
Pois, não existe mais esperança. 

Poema: Odair José, O Poeta Cacerense

sexta-feira, 23 de março de 2018

Um dia de Conquista (Aos formandos da UNEMAT)


Um dia eu aqui cheguei 
E tudo parecia um sonho 
A oportunidade de um curso superior 
De adquirir o conhecimento 
E galgar os espaços da sabedoria. 
A sala fria e silenciosa do início 
Transformou-se em parcerias. 
Pessoas novas cruzaram o meu caminho 
Minha vida foi compartilhada 
E eu aprendi muita coisa. 
Diversidade, respeito 
Tolerância. 
Vi o mundo nos olhos dos professores 
Vi outonos e primavera no Campus 
Passei horas solitárias com os pensadores na Biblioteca. 
Chorei lágrimas de desespero na hora da prova; 
Noites inteiras quebrando cabeça com trabalhos. 
Lutei, argumentei e corri atrás do prejuízo. 
Explorei tantas coisas 
Vi tantos rostos dos quais alguns estão aqui presente, 
Talvez sentindo essa mesma emoção. 
A UNEMAT me proporcionou isso. 
O sonho que realizo hoje é o sonho de meus pais, 
Meus amigos, 
Meus professores… 
A jornada foi longa e árdua desde o primeiro dia 
Tantos textos para ler e discutir 
Tantos trabalhos e seminários 
Tantas amizades, 
Tantas palavras, discursos e debates 
Que me ajudaram a crescer intelectualmente 
Que me garantiu a realização de um sonho 
Ter a minha graduação… 
Sei que a jornada não termina aqui 
Muito ainda há pela frente 
Mas, hoje é dia de celebração 
Dia de júbilo, de comemoração. 
Hoje é um dia de agradecimento. 
Obrigado UNEMAT!!! 

Poema: Odair José, o Poeta Cacerense 


Técnico Administrativo e egresso do Curso de História da Unemat

quinta-feira, 22 de março de 2018

Cultura da Morte



A que ponto chegou a sociedade 
Que cultua e valoriza a morte 
E não respeita a vida? 
Por não haver mais sentido 
O suicídio vem como solução para amenizar o sofrimento. 
As drogas estão por toda parte 
E já parece tão comum na vida das pessoas 
Remédios e mais remédios. 
O aborto 
Crianças jogadas nas sarjetas 
Fetos descartados por uma sociedade cruel. 
Sacrifícios humanos sem precedentes 
Imagens de caveiras estampadas nas camisetas. 
A eutanásia como forma de alívio 
E tudo isso é tão comum. 
Crianças e adolescentes querem ver sangue 
Filmes de terror é a moda da vez 
Dramas psicológicos e pornografia 
E tudo isso na tela do celular 
No mais recôndito de seus quartos. 
Ninguém tem tempo para uma conversa 
Então, que sejam amigos das redes sociais. 
Ideologia de gênero como imposição 
E eu não posso falar 
Sem ser apedrejado pelos seus defensores. 
Não sou machista 
E nem defendo uma sociedade nesse naipe 
Mas, também não desejo uma sociedade feminista 
De que adiantaria? 
Qual seria a diferença? 
Existe uma estratégia muito bem orquestrada 
Para impor ideologias de dominação 
De forma sutil nas mentes de cada um 
Interesses egoístas e anticristãos são disseminados 
Nas escolas, nos livros, nos filmes 
Na ideia da autoajuda 
Do “seja você mesmo” 
Da hipnose 
Que estrangula conceitos morais da sociedade. 
Preciso, e penso dessa forma, 
Romper com a cultura da morte 
Para valorizar a cultura da vida. 
Sou a favor da vida e da dignidade humana. 
Não quero e não vou me calar diante de tamanha afronta 
Contra os princípios morais e éticos 
Que valoriza o respeito 
E a liberdade individual e coletiva. 

Poema: Odair José, o Poeta Cacerense

sexta-feira, 2 de março de 2018

Um corpo que cai


Vai dizer que é assim 
E se conforma com tão pouco 
O mundo está um caos 
E lágrimas são combustíveis 
Para acender o fogo da discórdia. 
Não posso falar o que penso 
Sem correr o risco de ter a minha língua decepada 
Pela intolerância. 
A solidão é minha amiga 
A violência jaz a porta 
E suas garras arranham querendo romper 
As correntes que a detém. 
Não posso dizer 
Que estou satisfeito 
Com a desolação do mundo contemporâneo. 
O que fazer? 
Não posso gritar sem ser massacrado 
Sem ser impedido. 
Caras tristes me desafiam 
E aterrorizam-me 
Na intenção de sufocar a minha voz. 
A estrela não brilha mais 
E as nuvens são carregadas de desaforos 
A crueldade é voraz. 
Abra os seus olhos e veja 
Mais um corpo que cai ao seu lado. 
Façamos alguma coisa 
Para amenizar o caos instalado 
E não sufoque o meu grito de alerta. 

Poema: Odair José, o Poeta Cacerense