quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Onde os meus olhos me levaram



Meus passos são pesados e a dor é profunda
Dói mais a minha alma pela humilhação
Do que os meus braços pela força.
O opróbrio me consome e a escuridão é terrível.
Os dias passam devagar e ouço as gargalhadas
Eles zombam de mim e do povo de Deus.
Sou motivo de escárnio e chacota.
Onde os meus olhos me levaram.
Já não os tenho mais
Eles foram arrancados de forma dolorida
E a escuridão toma conta dos meus dias.

Meus olhos me levaram primeiramente aquela filistéia.
E meus pais me avisaram sobre o perigo
Não é bom misturar com esse povo, disse-me,
Porventura não há mulheres das filhas dos israelitas?
Eu quero aquela que meus olhos se afeiçoaram
Foi a minha resposta.
Aconteceu uma tragédia e cometi uma loucura por causa dela.
Eles a mataram por estar comigo e eu os matei para vingar.
Coloquei fogo na seara dos filisteus
Escondi-me nas rochas de Etã
E feri mil deles com uma queixada de jumento.

Meus olhos me levaram, então,
A uma prostituta de Gaza.
Não sabia eu estar sendo controlado pelas minhas
Concupiscências insaciáveis.
Fugi a meia-noite e levei os portões da cidade nas costas
E o terror caiu sobre eles.

Mas o meu maior erro
Foi ser conduzido pelo meu olhar terceira vez.
Ela era linda.
E me apaixonei.
Não pensava em outra coisa a não ser nos lindos olhos de Dalila.
E a ela entreguei minha alma.
Sedutoramente ela me induziu a entregar-lhe
Meus segredos mais profundos.
E Deus me abandonou.
Ele tirou de mim o seu Santo Espírito.
Rasparam a minha cabeça e levaram minha força.
Arrancaram os meus olhos
Amarraram-me com cadeias de bronze
E fizeram-me andar moendo aqui na prisão.

Enquanto caminho na escuridão
Suplico o perdão de Deus.
Tenha misericórdia de mim, Oh Deus!
Lembra-te da misericórdia.
Chamaste-me para fazer a diferença
Para libertar o teu povo
E não o fiz.
Deixei-me ser levado pelos meus olhos
E meu coração foi seduzido.
Perdoa-me, oh Deus, e permita-me, pelo menos,
Uma morte digna.
Dê-me força só mais uma vez.
Quando estiver entre as colunas do templo
Permita-me matar esses incircuncisos.

Sinto meus cabelos crescerem outra vez!

Obs. Juízes 13 a 16 (a História de Sansão).

Poema: Odair

Nenhum comentário:

Postar um comentário